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quarta-feira, 15 de março de 2006

EUFORIA 2006



O clima de euforia no Brasil está em alta com a Copa do Mundo e as eleições neste ano, mas economistas e consultores recomendam pé no chão e otimismo moderado para aproveitar as vantagens do atual crescimento econômico

Ronaldo chuta o dólar para baixo, que dribla Lula e corre para a urna eletrônica, que leva uma puxada de Parreira e embola o meio de campo, Serra e Alckmin saem na dividida e o PIB recua, a taxa de juros apita e a torcida grita o nome de Fernando Meirelles para levar o Oscar. Copa do Mundo, eleições, cinema brasileiro no exterior, exportações, aquecimento da economia, é o Brasil 2006 no samba do crioulo doido, ora no ritmo do desenvolvimento, ora no descompasso da euforia, ora no sapatinho para ver onde é que isso tudo vai dar.

Mas a boa notícia é que, segundo consultores e economistas, dá para ser otimista com o ano que se inicia.

Cenário tranqüilo

Em setembro do ano passado, em um encontro promovido pelo Instituto Brasileiro de Executivos de Finanças, 63,3% dos participantes acreditavam que as eleições iriam provocar turbulências no mercado tendo em vista a crise política pela qual o país passava. Mas essa perspectiva mudou, pelo menos para o presidente do IBEF, Walter Machado de Barros, que vê com "razoável tranqüilidade" o cenário político e econômico projetado para 2006.

"Apesar da chiadeira do câmbio e da queda do PIB, a economia vai continuar crescente", acredita Barros, que faz uma previsão de crescimento de 3 a 3,5%, "melhor do que em 2005".
A queda dos juros reais, que tiveram uma média de 13% - chegou a 14% - em 2005, é outro fator positivo. Para Walter Machado de Barros, eles devem ficar entre 10 e 11% neste ano. "Há um avanço, com o governo colocando mais dinheiro no mercado", avalia o presidente do IBEF, lembrando que houve uma boa captação de recursos internacionais e, por isso, o Brasil está bem abastecido de dólares, permitindo um grande fluxo de investimentos
Não vivíamos isso há muitos anos. A lição de casa está feita e agora podemos usufruir dos sacrifícios

Rentabilidade

"As condições são muito favoráveis, não vivíamos isso há muitos anos", diz o professor de Finanças do Instituto Brasileiro de Mercado de Capitais de São Paulo, Carlos Fagundes, engrossando o coro dos otimistas. Ele lista a estabilidade dos preços e a disciplina orçamentária como as medidas responsáveis para as atuais condições de rentabilidade. "A lição de casa está feita e agora podemos usufruir dos sacrifícios", declara Fagundes. Como? Com mais investimentos públicos, mais crescimento e mais empregos.

O mercado de trabalho para executivos é uma área que deve crescer em 2006. A sócia-diretora da empresa de hunting Mariaca & Associates, Lúcia Costa, acredita que o número de contratações de seniors vai subir de 10 a 15%. No entanto, ela não credita esse aumento aos eventos eleições e Copa do Mundo. Sobre o primeiro, Lúcia ressalta que, pela primeira vez, houve um fenômeno que ela denomina de "descolamento" entre negócios e política. "Antes, quando havia crise no governo, os processos seletivos, as contratações, as substituições e o mercado paravam. Em 2005, isso não aconteceu.

Há uma certa confiança no ritmo dos negócios", diz. Já sobre o torneio futebolístico que mobiliza o planeta, a consultora considera um fato isolado e muito específico para impactar. "O que deve haver é alguns atrasos nos processos seletivos e nas entrevistas marcadas por causa dos jogos", brinca.

Lúcia Costa diz que o segmento de bens de consumo - alimentos, higiene, farmacêutico - é o que mais vem contratando executivos e deve continuar assim em 2006. E as áreas mais promissoras para profissionais graduados, segundo a consultora, são o comercial, o marketing, recursos humanos ("há uma mudança de figura dessa área dentro das organizações") e o de logística, que cuida de transporte e armazenagem, por exemplo.

TENDÊNCIAS CORPORATIVAS

Um estudo da Lee Hecht Harrison, empresa parceira da Mariaca & Associates, que atua em 36 países, realizado com 300 executivos senior de RH, detectou alguns comportamentos atuais nas empresas. Confira alguns:
■50% das empresas fizeram downsizing ao menos três vezes nos últimos três anos;
■ O foco de retenção nas empresas se dá nos funcionários que buscam melhores oportunidades, na ameaça de uma nova guerra por talentos e nos custos crescentes para novas contratações;
■93% das pessoas que procuram emprego buscam oportunidade de crescimento;
■ O maior desafio de recrutamento é achar pessoas com as habilidades necessárias.

Hora de ousarJá no corpo das companhias, deve haver uma desaceleração, avalia a sócia- diretora da empresa de consultoria MK5, Márcia Oller. Diante de uma paralisação, ela aconselha o funcionário a ousar, a se fazer notar. Porém, Márcia não descarta o otimismo com o cenário de 2006, mas reconhece que a melhora da economia é mais favorável para a organização da vida pessoal do que da vida profissional.

No meio executivo, Lúcia Costa nota uma mudança de comportamento que deve pautar o ano de 2006. Segundo a consultora, existe menos fidelidade entre a empresa e seus diretores, e isso nos dois sentidos. "Antes de a empresa demitir, o executivo já sai", diz Lúcia.

Para o presidente do IBEF, Walter Machado de Barros, neste ano deve haver uma redução no índice de desemprego em função da reativação da economia. Ele, inclusive, aposta em um crescimento modesto no número de empregos formais. Mas os empregos alternativos e temporários, como lembra Márcia Oller, devem, sim, aumentar com a Copa do Mundo e as eleições. "Há espaço para ganhar dinheiro, mas com trabalho não qualificado", adverte a consultora.

Ganho real

Sobre salários, o professor do Ibmec São Paulo, Carlos Fagundes, aponta o controle da inflação como um fator para um ganho real. Mas ele não aposta em um investimento das empresas nessa área.
A euforia com Copa e eleições deve refletir mais no mercado de produtos populares, ressalta Walter Machado de Barros, citando como exemplos o setor de vestuário e de eletrodomésticos, principalmente as vendas de televisores para assistir aos jogos da seleção. Márcia Oller concorda, lembrando que as lojas de departamentos já devem estar se preparando para as promoções de vendas.

PARA INVESTIR EM 2006

Com a inflação em queda e a redução gradual da taxa CELIC, deve haver uma falta de previsibilidade nos rendimentos, o que sugere um retrocesso nos fundos de renda fixa. "A taxa variável vai imperar para o aplicador", afirma o presidente do IBEF, Walter Machado de Barros. "Apesar de uma boa redução, as taxas permanecem elevadas, o que dá previsibilidade de uma boa remuneração", complementa ele, lembrando ainda que 2006 deve assistir a um boom no mercado de capitais, com várias empresas retornando ao mercado em busca de recursos. Ou seja, aplicar em ações pode ser uma boa.

Uma conspiração favorável para este ano é o que prevê o professor do Ibmec São Paulo, Carlos Fagundes. "Há uma liquidez nunca vista antes, com grande aceitação dos investidores para aplicações nos mercados emergentes com o América Latina, Índia e Rússia", avalia. Para o Brasil, ele vê maiores possibilidades de valorização dos ativos, em que inclui a bolsa de valores e até os fundos de renda fixa. O que não dá é para ficar no feijão com arroz da poupança.

Consumo crescenteO fato é que a estabilidade econômica é uma forte aliada para o aumento do consumo. "Com mais gente para comprar, o mercado está propício até para abrir um negócio próprio", avalia Barros, ressaltando que o problema aí é manter o investimento.
"Mas, antes de tudo, o brasileiro é um forte", diz ele, plagiando assumidamente Euclides da Cunha. "O importante é que a lição de casa está feita", declara o professor Fagundes, otimista com o que vem pela frente. "Não está sobrando nada.

O mercado está em movimento, tem gente entrando, saindo e sendo retida, e isso é positivo", avalia Lúcia Costa. O conselho de Márcia Oller é: equilíbrio. "É preciso ousar para se sobressair, mas sempre com um plano B". E um ótimo 2006 para você.

Com mais gente para comprar, o mercado está propício até para abrir um negócio próprio

TEXTO: PAULO CABRAL

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